top of page

Como Definir Corretamente os Critérios de Aceitação da Incerteza de Instrumentos de Medição

Introdução

Você já se perguntou se está aceitando ou rejeitando instrumentos de medição da forma certa? Muita gente acha que calibrar já é o suficiente, mas sem critérios de aceitação bem definidos, o risco de erro pode custar caro — literalmente.

Neste artigo, vamos te mostrar passo a passo como definir corretamente os critérios de aceitação da incerteza de medição, com base em boas práticas, normas reconhecidas e muito bom senso técnico.


Entendendo os Fundamentos

O que são instrumentos de medição?

São dispositivos usados para determinar o valor de uma grandeza física — como temperatura, massa, pressão, comprimento etc. Desde uma régua escolar até um micrômetro de precisão, todos entram nesse grupo.

O que é a incerteza de medição?

É um parâmetro que expressa a dúvida sobre o resultado de uma medição. Toda medição tem uma incerteza — e ela deve ser quantificada. Não se trata de erro ou falha, mas de reconhecer os limites do que se pode afirmar com confiança.

Erro x Incerteza

Erro é a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro. Já a incerteza é uma margem que nos mostra o quanto aquele resultado pode variar.

O que é um Critério de Aceitação

Definição técnica e prática

É uma regra pré-estabelecida que determina se um instrumento de medição está ou não em condições aceitáveis de uso, com base no resultado da calibração e na incerteza envolvida.

Por que ele deve existir?

Porque sem um critério, qualquer interpretação vira subjetiva. E subjetividade em metrologia é pedir para ter problema...

Onde entra no processo de calibração

Depois de realizar os ensaios de calibração e calcular a incerteza, o critério de aceitação é usado para decidir: “Aceita-se ou rejeita-se este instrumento para uso?”


A Importância dos Critérios de Aceitação

Segurança e confiabilidade

Sem critérios, você pode usar um instrumento fora de padrão sem nem saber. Isso pode gerar erros em produção, problemas de qualidade e até riscos à segurança.

Conformidade com normas

Normas como a ISO/IEC 17025 exigem que critérios sejam definidos de forma documentada, lógica e justificada tecnicamente.

Economia e redução de falhas

Critérios bem definidos evitam paradas desnecessárias e retrabalho por falhas em medições.


O Impacto de um Critério Mal Definido

Casos reais

Imagine um paquímetro com erro dentro da tolerância, mas com incerteza alta. Se o critério não considerar a incerteza, você pode estar aceitando um instrumento que não garante confiabilidade.

Riscos ocultos

Aceitar instrumentos fora de especificação pode levar a lotes inteiros de produtos fora de conformidade — e isso dói no bolso!


Como Definir Corretamente o Critério de Aceitação

Etapa 1 - Conheça o processo

Onde o instrumento será usado? Qual a exigência do processo? Medições críticas requerem critérios mais rígidos.

Etapa 2 - Estabeleça requisitos metrológicos

Qual a tolerância do processo? Qual a resolução mínima necessária? Quais desvios são aceitáveis?

Etapa 3 - Calcule a incerteza expandida

Use métodos confiáveis, como o GUM (Guia para a Expressão da Incerteza de Medição), e identifique todas as fontes de variação.

Etapa 4 - Use normas reconhecidas

A ILAC-G8 e a ISO 14253-1 são ótimas referências. Elas sugerem formas estatísticas de considerar a incerteza na tomada de decisão.

Etapa 5 - Documente o critério

Nada de deixar só “de cabeça”. Registre o critério, a justificativa e os limites aplicáveis para cada tipo de instrumento.


Métodos Recomendados

Guard Band

Cria uma “zona de segurança” dentro da tolerância para compensar a incerteza.

Critério por Capacidade do Processo

Leva em conta a variabilidade do processo em que o instrumento será usado.

Critério por Risco

Define a aceitação com base em riscos aceitáveis, como 5% de chance de aceitar algo fora do padrão (risco do tipo II).


Como Apresentar os Resultados

Relatórios bem elaborados

Inclua o valor medido, a incerteza, o critério adotado e o resultado da decisão (Aprovado / Reprovado).

Facilite a interpretação

Evite termos técnicos demais se o cliente final não for da área técnica. Use gráficos, tabelas e observações claras.


Dicas para Laboratórios

  • Treine a equipe sobre critérios e decisões metrológicas;

  • Revise periodicamente os critérios usados;

  • Não tenha medo de pedir ajuda a especialistas quando necessário;

  • Evite critérios genéricos, cada instrumento merece atenção individualizada.


Conclusão

Definir corretamente os critérios de aceitação da incerteza de medição é um diferencial competitivo e uma exigência técnica. Não basta calibrar — é preciso saber interpretar e decidir com base em critérios sólidos e bem estruturados. Isso garante segurança, qualidade e economia. E claro, protege a reputação do seu laboratório.


FAQs – Perguntas Frequentes

1. Qual a diferença entre erro e incerteza?Erro é uma diferença sistemática, incerteza é a dúvida sobre o valor medido. Ambos precisam ser tratados, mas de formas diferentes.

2. Posso usar um critério genérico para todos os instrumentos?Não é recomendado. Cada instrumento tem uma aplicação, e isso exige critérios personalizados.

3. O que é risco do tipo I e tipo II?Tipo I é rejeitar um bom. Tipo II é aceitar um ruim. Na metrologia, o mais perigoso geralmente é o tipo II.

4. O que fazer quando o resultado está perto do limite?Considere a incerteza e use abordagens como Guard Band para tomar decisões mais seguras.

5. Qual norma seguir?As mais usadas são a ILAC-G8, ISO 14253-1, GUM e ISO/IEC 17025

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page